O principal objetivo de qualquer programa de reintrodução é estabelecer uma população selvagem auto-sustentada (i.e. viável e reprodutora), de determinada espécie, ou subespécie, que esteja global ou localmente extinta.
Para uma reintrodução bem sucedida, é necessário ter conhecimento prévio dos requisitos ecológicos da espécie, tais como dieta alimentar e necessidades ambientais. Idealmente, essa informação deve ser obtida a partir de estudos de campo detalhados no habitat natural da espécie. Note-se que qualquer processo de reintrodução é difícil, caro e requer um compromisso a longo prazo para ser bem sucedido. Com o objectivo de fornecer orientações nos projetos de reintrodução, a IUCN publicou as Directrizes para as Reintroduções (IUCN 1998) que, embora não sejam uma obrigação legal, são globalmente aceites, não apenas para aumentar a taxa de sucesso dos projetos, mas também para prevenir reintroduções inapropriadas e os seus potenciais danos.
O corço (Capreolus capreolus) é uma espécie nativa de Portugal. Esta espécie sofreu uma grande redução na década de 1980, principalmente devido à degradação do seu habitat natural e à caça ilegal. Na última década, a abundância e a distribuição desta espécie têm aumentado, principalmente devido a mudanças no uso do solo e do êxodo rural, o que levou à re-naturalização dos habitats, mas também a rigorosas políticas de gestão da caça. Esta espécie desempenha um importante papel ecológico, quer nível da composição e dinâmica da vegetação, quer como elemento chave na dieta do lobo-ibérico. Vários estudos têm demonstrado a importância do fomento das presas selvagens do lobo, como o corço, com vista a uma maior oferta de alimento, reduzindo assim conflitos com o Homem.
Com o objetivo de conservar o habitat do lobo-ibérico nas Serras da Freita, Arada e Montemuro, pretende-se com este trabalho estabelecer uma população viável de corços nesta serra.